terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Leva-me para Casa


Neste recanto,
Mato a secura na nascente do deleite,
Que me fez presa
Cega.
Com ela consigo ocultar o que conjecturo,
E o que sou,
Deixando-me algemar,
Neste labirinto pernicioso
E translúcido.

Ainda assim,
Sinto-me livre,
Fixa no meu defeito,
Que me conserva subordinada.

Porquê?
Porque sou escrava desertora e obediente
De alguém ou algo apartado
No cais daquele rio.
Ana Mateus

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Observa-se, sente-se, contempla-se.


Há instantes em que as recordações
nos invadem e nos rasgam a alma,
deixando nos assim,
sem vida.
Órfãos e vazios de tudo.
E por momentos,
a vida fica suspensa no tempo e no espaço.

Observo os jogos das sombras deambulantes,
Carregados de meias falsidades e grandes intrujices,
Como forma de iludir antigos pares,
Com trunfos exactos,
perfeitamente escondidos,
Até hoje.

Não sou criatura perdida,
Sou um entretenimento viciado,
Que apraz baixinho,
E que se interroga:
“Não aprendes, pois não?”
Ana Mateus

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Neste Labirinto


Não encontro uma saída neste labirinto.
Olho e olho, e não vejo saída.
Não vejo nada.
Ceguei simplesmente.
Preciso de ajuda!

Às vezes tento gritar,
Mas já nada quer sair de cá de dentro,
O grito mudo é o sofrer constante por algo que me falta.
No entanto tenho a noção que possuo tudo o que quero.
Que me falta?

Não sei o que pensar,
A minha mente está vazia.

O que é que me faz ser assim?

Nunca desisti e nunca vou desistir…
Então continuo…
À procura do fim deste labirinto.
Ana Mateus

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Nos calabouços do esquecimento


Ultimamente falha-me tanto a memória.
Deve-se talvez ao facto de ter trancado para sempre
Nos calabouços do esquecimento
Tantos momentos
Que fizeram parte da minha história,
Da nossa história.
Há muito tempo que não pronunciava isto,
Mas hoje já quase esqueci a maior parte,
Porque essas memórias
São tristes.

Mas hoje ouvi “essa” música que me fez reviver
Um dos raríssimos bons momentos.
Essa memória,
Não pediu permissão para entrar,
Invadiu-me sem dó, o pensamento…
Ana Mateus

sábado, 8 de novembro de 2008

A Casa do Tempo...

Cheguei a casa e desliguei o “botão” do aparelho que me ligava ao mundo real…
Voltei! Voltei ao meu lugar, ao meu mundo… para onde vou sempre que posso, onde sei que tenho abrigo… para onde fujo, levada pelo embalar dos meus pensamentos.
A Lua já vai alta e a sua vinda é silenciosa, mais que o normal.
Ali estava ela, imponente. Deusa de um céu estrelado enorme, mais belo que nunca, à medida que banhava o mundo de prata.

Aproximo-me da Casa do Tempo vagarosamente e debruço-me sobre as minhas lembranças, que me transportam para um lugar distante.
Revi-me numa vida que não foi minha, vivida em segredo, hà muito tempo. Toda ela, hoje, agora, guardada no cofre invisível, onde só eu sei onde está.

Ali, fui rainha, rainha de algo estranho e muito misterioso, um reino só meu, que tinha um escravo, um servo fiel a mim, que quando queria, sabia ser delicado, que me fazia sentir especial mesmo sem o ser.

A cumplicidade era o nosso reino, cheio de imposições ditadas por nós, pelo nosso sentimento, pelo nosso ser. Ainda sinto o cheiro do pecado no ar, o doce do proibido, onde a loucura comandava a envolvente sedução, desbravando os caminhos que nos levavam ao limiar do irracional…

Mas um dia, percebi quanto cruel e severo consegue ser o orgulho, que deu lugar a um outro sentimento… Senti-me arder vezes sem conta, nas chamas de algo que provoquei, que me consumiu a alma até mais não poder.

Sofri… em silêncio, sem o mostrar a ninguém, transformando as chagas em sorrisos, talvez para não despertar a vontade do abandono, que eu não queria ter, mas que sabia que existia e que me perseguia, à espera de uma oportunidade.

Sempre me achei muito forte, mas há sempre um fim para tudo. O fim daquele meu reino chegou, sobre o lusco fusco de um dia triste e magoado.

Soltei-me das amarras que me encurralavam à ilusão… fiquei livre, leve, solta.


Aprendi tudo o que tinha a aprender com tudo o que passei, não se pode querer o que não nos serve, porque as coisas só são especiais quando te aparecem à frente, não quando as procuras, se te fogem é porque têm de fugir!

Não tenho saudades de nada disto, mas foi até isto que o meu pensamento me levou hoje.

Já de regresso à realidade, retomo as tarefas banais de mais um fim de dia, igual a muitos outros já passados e a muitos outros que ainda estão para vir…

Espero pela hora, que me levará mais uma vez, à grande casa do tempo…

Num outro lugar, num outro tempo, com uma outra Lua…
Ana Mateus

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Livro do Desassossego.

"Nuvens... Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens... Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero! (...)"




BERNARDO SOARES (SEMI-HETERÓNIMO DE FERNANDO PESSOA)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Deixo a vida acontecer...


Quem é que poderá completar os versos que eu escrevi?




quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A vida...

No outro dia estive a pensar em tudo o que a vida já me ensinou.

Ensinou-me:
… a dizer o adeus eterno às pessoas que amo ou amei, permitindo que eu, apesar de tudo, as continua-se a sentir bem de perto, tendo em conta tudo o que elas foram para mim.
… a sorrir (incondicionalmente), mesmo aos desconhecidos, só para mostrar que sou diferente. “Sorri sempre, mesmo quando o que mais desejas é gritar todas as tuas dores para o mundo!”
… a “fazer de conta” que tudo está bem, quando “nem tudo está bem”, para eu própria acreditar que as coisas um dia irão mudar.
... a calar para ouvir.
… a errar para aprender, porque afinal… Eu posso ser sempre melhor.
… a lutar contra as injustiças.
… a ser forte, a carregar o meu mundo nas costas, isto é, todas as consequências dos meus actos.
… a ser carinhosa com todos que precisam do meu carinho.
… a ouvir todos os que só precisam de ser ouvidos.
… a amar os que me magoaram ou querem fazer de mim depósito de frustrações e desafectos.
… a perdoar incondicionalmente, porque eu também já precisei de um perdão.
… a amar incondicionalmente, porque eu também preciso desse amor.

Então eu digo:
Alegra a quem precisa.
Pede perdão.
Sonha acordado… mas ao mesmo tempo que acordas para a realidade (sempre que achares necessário);
Aproveita cada instante de felicidade, como se fosse o último.
Chora de saudades sem vergonha de o demonstrar.
Tem olhos para “ver e ouvir” as estrelas e a Lua, mesmo que nem sempre consigas entendê-las.
Vê o encanto do nascer-do-sol.
Sente a dor do adeus e do que se acaba, lutando para “preservar” tudo o que é importante para a felicidade do teu “eu”.
Abre as tuas janelas para a vida e nunca temas o futuro.

Conclusão:
Ensinaram-me e fui ensinada a aproveitar o presente, como uma “dádiva” que a vida me deu. Uso-a como diamante que eu mesma tenho de “lapidar”, dando lhe a forma que eu quiser. E tudo isto, porque eu posso, pois a vida é minha.

:)
Ana Mateus

domingo, 17 de agosto de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

Cap. 1

A Lua já ía alta e a Anamaria só conseguia pensar naquele beijo, naquele sentir, naquela emoção... Não tinha palavras para descrever todos os arrepios que sentira quando o Henrique a beijara daquela
maneira! Mas porquê? E para quê? O Verão estava a acabar e ambos regressariam aos seus caminhos, às suas casas, às suas vidas de sempre, e provávelmente não se voltariam a ver... Anamaria debatia-se com essa ideia. Queria respostas e não as conseguia! O sono ia longe e mais uma vez adivinhava-se uma noite longa, escura e triste... Por isso, só lhe restava esperar pelo belo amanhecer e quem sabe pelo reencontro com o belo Henrique!
Ana Mateus

segunda-feira, 9 de junho de 2008

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O Princípio...


Já há algum tempo que estava para criar um blog, mas ainda não tinha tido disponibilidade e uma vontade séria para o criar.
Contudo surgiu um convite irrecusável e eu lá decidi iniciar a minha vida na Blogosfera. O dito cujo ainda está em construção, mas, num futuro próximo, eu vou postar aqui algumas ideias, críticas, vídeos e imagens que transmitiram um pouco de mim e daquilo que me rodeia.
Espero que venham a gostar e que o meu blog venha a ser um ponto de referência para alguém.
Um bem-haja...