terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Leva-me para Casa


Neste recanto,
Mato a secura na nascente do deleite,
Que me fez presa
Cega.
Com ela consigo ocultar o que conjecturo,
E o que sou,
Deixando-me algemar,
Neste labirinto pernicioso
E translúcido.

Ainda assim,
Sinto-me livre,
Fixa no meu defeito,
Que me conserva subordinada.

Porquê?
Porque sou escrava desertora e obediente
De alguém ou algo apartado
No cais daquele rio.
Ana Mateus

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Observa-se, sente-se, contempla-se.


Há instantes em que as recordações
nos invadem e nos rasgam a alma,
deixando nos assim,
sem vida.
Órfãos e vazios de tudo.
E por momentos,
a vida fica suspensa no tempo e no espaço.

Observo os jogos das sombras deambulantes,
Carregados de meias falsidades e grandes intrujices,
Como forma de iludir antigos pares,
Com trunfos exactos,
perfeitamente escondidos,
Até hoje.

Não sou criatura perdida,
Sou um entretenimento viciado,
Que apraz baixinho,
E que se interroga:
“Não aprendes, pois não?”
Ana Mateus