terça-feira, 25 de novembro de 2008

Neste Labirinto


Não encontro uma saída neste labirinto.
Olho e olho, e não vejo saída.
Não vejo nada.
Ceguei simplesmente.
Preciso de ajuda!

Às vezes tento gritar,
Mas já nada quer sair de cá de dentro,
O grito mudo é o sofrer constante por algo que me falta.
No entanto tenho a noção que possuo tudo o que quero.
Que me falta?

Não sei o que pensar,
A minha mente está vazia.

O que é que me faz ser assim?

Nunca desisti e nunca vou desistir…
Então continuo…
À procura do fim deste labirinto.
Ana Mateus

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Nos calabouços do esquecimento


Ultimamente falha-me tanto a memória.
Deve-se talvez ao facto de ter trancado para sempre
Nos calabouços do esquecimento
Tantos momentos
Que fizeram parte da minha história,
Da nossa história.
Há muito tempo que não pronunciava isto,
Mas hoje já quase esqueci a maior parte,
Porque essas memórias
São tristes.

Mas hoje ouvi “essa” música que me fez reviver
Um dos raríssimos bons momentos.
Essa memória,
Não pediu permissão para entrar,
Invadiu-me sem dó, o pensamento…
Ana Mateus

sábado, 8 de novembro de 2008

A Casa do Tempo...

Cheguei a casa e desliguei o “botão” do aparelho que me ligava ao mundo real…
Voltei! Voltei ao meu lugar, ao meu mundo… para onde vou sempre que posso, onde sei que tenho abrigo… para onde fujo, levada pelo embalar dos meus pensamentos.
A Lua já vai alta e a sua vinda é silenciosa, mais que o normal.
Ali estava ela, imponente. Deusa de um céu estrelado enorme, mais belo que nunca, à medida que banhava o mundo de prata.

Aproximo-me da Casa do Tempo vagarosamente e debruço-me sobre as minhas lembranças, que me transportam para um lugar distante.
Revi-me numa vida que não foi minha, vivida em segredo, hà muito tempo. Toda ela, hoje, agora, guardada no cofre invisível, onde só eu sei onde está.

Ali, fui rainha, rainha de algo estranho e muito misterioso, um reino só meu, que tinha um escravo, um servo fiel a mim, que quando queria, sabia ser delicado, que me fazia sentir especial mesmo sem o ser.

A cumplicidade era o nosso reino, cheio de imposições ditadas por nós, pelo nosso sentimento, pelo nosso ser. Ainda sinto o cheiro do pecado no ar, o doce do proibido, onde a loucura comandava a envolvente sedução, desbravando os caminhos que nos levavam ao limiar do irracional…

Mas um dia, percebi quanto cruel e severo consegue ser o orgulho, que deu lugar a um outro sentimento… Senti-me arder vezes sem conta, nas chamas de algo que provoquei, que me consumiu a alma até mais não poder.

Sofri… em silêncio, sem o mostrar a ninguém, transformando as chagas em sorrisos, talvez para não despertar a vontade do abandono, que eu não queria ter, mas que sabia que existia e que me perseguia, à espera de uma oportunidade.

Sempre me achei muito forte, mas há sempre um fim para tudo. O fim daquele meu reino chegou, sobre o lusco fusco de um dia triste e magoado.

Soltei-me das amarras que me encurralavam à ilusão… fiquei livre, leve, solta.


Aprendi tudo o que tinha a aprender com tudo o que passei, não se pode querer o que não nos serve, porque as coisas só são especiais quando te aparecem à frente, não quando as procuras, se te fogem é porque têm de fugir!

Não tenho saudades de nada disto, mas foi até isto que o meu pensamento me levou hoje.

Já de regresso à realidade, retomo as tarefas banais de mais um fim de dia, igual a muitos outros já passados e a muitos outros que ainda estão para vir…

Espero pela hora, que me levará mais uma vez, à grande casa do tempo…

Num outro lugar, num outro tempo, com uma outra Lua…
Ana Mateus