domingo, 11 de setembro de 2011

Consagração


O dia finda com o privar da claridade,
E a incerteza aparece de mansinho.
Fujo, mais uma vez, à obscuridade,
Onde vivo o tormento frio das sombras,
Resistindo ao vazio imenso que me cedeste.

Já não sinto ou contemplo algo,
Não aqui, onde o ruído da essência se dissipou.

É inevitável destruir o resto do âmago,
Dá-lo aos abutres que se inquietam há muito tempo,
Detectando o odor nu da morte,
Mas é nesse instante que o espírito se desprende
E volta ao limiar do teu ser,
Aspirando adormecer na margem do teu corpo cálido,
Porque foste a substância certa, neste cristalino orvalho
Que se desprendeu de nós.

Voltarei a espelhar nas minhas retinas a figura,
Que sempre se reflectiu na alma sentida
Que morou em ti?



O silêncio ainda te consagra,
Porque demonstraste que há corpos
Que brilham nos mais sombrios lugares,
Mesmo depois de se partirem em angústias,
Pois existe esta força que entra pelos poros
E teima em dar-me vida.

- Ana Mateus

1 comentário:

LittleMoon. disse...

"Pois existe esta força que entra pelos poros
E teima em dar-me vida." - e ainda bem que essa força não te deixa desistir! estou aqui para ti como já te disse infinitas vezes e não me canso de repetir. No momento que perderes essa força eu serei a tua força! Acredita em ti, na vida, porque ela vale a pena ser vivida com esse belo sorriso que tens para oferecer ao mundo.